Ultimamente eu tenho notado que a minha paciência tem diminuído para certas situações que eu me deparo.
.Eu sei desde quando que isso começou, mas isto não é importante. O que é importante é o facto de eu notar que tenho vindo a me irritar cada vez mais e mais.
.A questão aqui não é eu me irritar. Tudo bem, todos se irritam, é natural.
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O ponto crucial é: estar irritada e não poder mostrar isso a ninguém.
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Aí é que é o bicho!
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A minha técnica tem sido o silêncio. Fechar a todo custo a boca e não fazer um único comentário, nem sequer o tradicional "hummmm..." de reprovação.
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Ai, como isso me corrói!
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Logo mais eu, que sou uma reclamante de primeira!
.Com o tempo, eu fui vendo que nem sempre é bom dar a nossa opinião, tanto para o bem geral da nação, como para o nosso próprio bem estar psicológico e físico.
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Já dizia o velho deitado: "conselho e água só se dá a quem pede".
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E mesmo que alguém lhe peça um conselho ou um comentário, vale MESMO a pena parar e pensar: "Estou, realmente, disposto a correr este risco?"
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A melhor sugestão seria que você aconselhasse ou comentasse de forma genérica e completamente abstracta, fazendo que a outra pessoa não entenda nada do que você disse, mas fique com a impressão de que tem razão.
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Agora, caso você se depare com a seguinte pergunta: "Honestamente, qual a sua opinião?" o caso é mais sério e requer uma tática mais agressiva: atire-se no chão e finja um ataque cardíaco!!! Assim, quando você se "recuperar" de tal imprevisto cardio-vascular, a pessoa já terá esquecido o que tinha perguntado, estando ainda em choque por tamanho susto.
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Honestamente, ninguém quer honestidade. Parece incoerente, mas não é. Veja bem: ninguém gosta de ouvir "O que aconteceu com o seu cabelo?" ou "Você está f*dido! É dessa vez que você vai para o olho da rua!".
Não! O que todos querem ouvir é: "Sim, o seu filho é um querido" ou "Tenha calma, que eu tenho certeza que ele não ouviu você mandá-lo para a p.q.p."...
Todos gostam mesmo é de uma mentira cabeluda que os faça sentir bem com eles mesmos para continuarem a viver num mundo colorido cheio de fadinhas e duendes. (tenham dó!)
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Mas o mais sensato mesmo é fugir a todo custo dessas situações.
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E depois de algum tempo conseguimos, ainda, saber quais assuntos são mais propensos a dar faíscas caso sejam opinados.
Por exemplo: falar sobre a lua dá 5W de faísca, falar sobre matemática aplicada já dá uma descarga de 220W e se você pensar em comentar sobre bananas, sinto muito, você vai levar uma descarga eléctrica tão grande que será capaz de manter uma lâmpada acesa durante 5 anos seguidos!!
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Isso não é brincadeira!
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Por muito difícil que seja, temos que controlar o nosso impulso opinador o máximo possível. Porque a questão aqui é que, quando alguém fala algo (seja lá qual assunto for) e você tem uma opinião contrária, não quer dizer que você possa dar a sua opinião.
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Na verdade: o facto de você ouvir alguém não te dá direito nenhum de comentar o que foi ouvido. A não ser é claro, que você seja um comentador de futebol, mas mesmo esses tipos têm problemas que cheguem decorrentes dos seus comentários.
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A verdade é que há pessoas que, realmente, não querem ouvir a nossa opinião. Eles podem dar a deles a vontade, agora ouvir, ah!, isso já é oooooooutra história.
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Portanto: ou eu me acostumo rápido com isso de conter a minha irritabilidade e os meus impulsos comentarísticos, ou tenho que arranjar um estômago de aço para estar preparada a qualquer gastrite nervosa que possa surgir...
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Mas, também, de que me adianta estar dando a minha opinião aqui, se ninguém está interessado em ouvi-la?